Farol da Ponta do Altar | Lagoa




Localiza-se no promontório da Ponta do Altar, a nascente da boca do porto de Portimão, a cerca de 7 km a Sul-Sueste da cidade, na freguesia de Ferragudo, Concelho de Lagoa, Algarve, Portugal.


Apresenta-se com uma torre quadrangular branca, na fachada sul da habitação, com cunhais em granito.


O edifício é composto por uma casa branca de faroleiros, elevando-se, na sua fachada Sul, uma discreta torre quadrangular, com 2,7 m de lado, sobre a qual se instala uma lanterna vermelha circular, coroada por um cata-vento e pára-raios.

Em 2008 foi instalado um sistema de controlo de tráfego marítimo (VTS), junto do farol da Ponta do Altar, materializado numa grande torre de betão. Trata-se de um sistema essencial para diminuir o risco de naufrágios, estimando-se que reduza em 65% a probalidade de acidentes náuticos. O VTS assegura o controlo de todo o tráfego marítimo até 50 milhas náuticas da costa, tendo como principais objectivos melhorar a segurança e a gestão do tráfego marítimo, além de preservar o património ambiental.


Localização - Ponta do Altar/Ferragudo/Lagoa
Coordenadas - Latitude, 37º 06' 03'' Norte; Longitude, 05º 42' 8'' Oeste
Altura da torre - 10 m
Altitude - 32 m
Sistema iluminante - óptica fixa
Luz - vermelha FI R 5s
Alcance - 14 milhas
Ano de estabelecimento - 1893

"Tudo emudeceu como num conto de fadas. Pouquíssimas estrelas no céu, e essas mesmas bêbadas de luar. A vila amortalhada em branco e neve. O farol da canhoneira reflecte-se na água em profundíssima língua de fogo; (...) e o farol da barra quase se apaga no horizonte, mas cintila na água como diamante. Não iria desaparecer subitamente aquele cenário de lenda fantástica? (...) O farol da Ponta do Altar, com o brilho insistente e límpido de um astro, estrelava-se no mar negro e quieto."

Teixeira-Gomes, Regressos

Augustin Fresnel



As características e singulares lentes dos faróis, materializadas a partir da teoria da óptica ondulatória e do sistema dióptrico-catróptrico (refracção e reflexão da luz), permitem, através do seu jogo de lentes escalonadas, duplicar o alcance da luz das habituais 10 a 15 milhas náuticas (1 milha náutica = 1852 metros) para as 20, 30 ou mais milhas. Este importante incremento para a segurança na navegação deve-se ao físico francês Augustin Fresnel (1788-1827).

Fresnel não era um acadêmico de formação nem um homem do mar, mas engenheiro de pontes e calçadas, contudo, é hoje justamente considerado o fundador da óptica (cristalina) moderna. Em 1823, inspirado em anteriores experiência de Buffon e Condorcet, desenvolve uma estrutura de anéis de vidro concêntrico, ligados em saliências com cola de peixe, uns sobre os outros. No centro fixou uma fonte luminosa, constatando que o jogo de lentes e espelhos (refracção e reflexão), por si criado, permitia concentrar e ampliar a luz, sem perdas significativas.

A sua publicação sobre a difracção valeu-lhe, em 1819, o Prémio da Academia das Ciências. No seu texto descreveu os espelhos, que posteriormente foram designados por "espelhos de Fresnel", demonstrando que só a teoria ondulatória da luz poderia explicar os fenómenos de interferência luminosa. Tendo em conta os fenómenos de polarização, admitiu que o movimento ondulatório da luz podia ser transversal. Apresentou a hipótese da existência do éter como suporte das ondas luminosas e introduziu os integrais de "Fresnel" para estudar a repartição de intensidade das franjas de difracção.

Após a descoberta, Fresnel prossegue o seu trabalho afinando a combinação de lentes e espelhos com o objectivo de produzir uma melhor visibilidade à distância, avançando para o sistema mecânico de rotação, de modo a minimizar as vibrações no foco luminoso. Por fim, aplica o sistema de luz de "relâmpagos", alternando um período curto de luz com um período mais longo de obscuridade. Este sistema constitui a "linguagem dos faróis", um código de identificação personalizado para cada farol, através de diferentes combinações de períodos luminosos. O farol torna-se "um número", porque nele tudo é "sóbrio, exacto, nu, preciso" - Vítor Hugo.

Inventada há quase 200 anos, a lente de Fresnel ainda hoje é usada nos faróis de todo o mundo.

in Museu Marítimo de Barcelona


Farol do Cabo Sardão | Odemira



A instalação de um farol no Cabo Sardão já integrava um plano de farolagem datado de1866, no entanto, a sua construção apenas se iniciou a partir de 1902, tendo entrado em funcionamento a 15 de Abril de 1912. Electrificado em 1950, foi ligado à rede pública de distribuição de energia eléctrica em 1984.
O farol apresenta-se com uma torre quadrangular branca, com 17 metros de altura, construída em alvenaria e encimada por uma lanterna cilíndrica vermelha. Foi construído com a torre do lado de terra, ao contrário de todos os outros faróis com estruturas e localizações similares.
Curiosidade: Até aos anos 50, o serviço de entrega e recepção de correio do farol era feito por uma estafeta, cujo vencimento era de 200$00 mensais, destinado a retribuir «16 viagens por mês, a pé, de mais de 20 quilómetros cada, e por péssimo caminho, parte dele quase intransitável no Inverno», viria pouco mais tarde a ser aumentada para 300$00 (testemunho recolhido junto do faroleiro de serviço do Farol de Leça, em Março de 2009).

Localização - Cabo Sardão/Ponta do Cavaleiro/São Teotónio/Odemira
Coordenadas - Latitude, 37º 35' 8'' Norte; Longitude, 08º 48' 9'' Oeste
Estrutura - Torre quadrangular branca, com edifício anexo
Altura da torre - 17 metros
Sistema iluminante - óptica em cristal, direccional rotativa
Luz - branca
Alcance luminoso - 23 milhas
Ano de estabelecimento - 1912

"O lugar convida a passeios equestres, mas o automóvel dá bem conta do troço de estrada alcatroada que leva ao Cabo Sardão. Em se ultrapassando o casarão fantasmagórico do farol, respeito: temos diante dos olhos a natureza em estado puro e bruto, com a rocha xistosa a despenhar-se quase a pique no oceano. Entre as garras do gigante sáurio adormecido, as águas formam um abismo verde salpicado por borbotões de espuma; é uma visão solene e esmagadora, que o pio das gaivotas sobrevoando os rochedos torna quase lancinante."
Regina Louro, Baixo Alentejo