A Arqueologia e o Mar


Estão abertas as inscrições para propostas de comunicação no 3.º Encontro Arqueologia e o Mar, um evento que pretende reunir investigadores com trabalhos realizados em contextos académicos ou de salvamento, em sítios subaquáticos ou costeiros relacionados com actividades marítimas e fluviais.
Prevêem-se dois tipos de apresentações, uma para estudos (20 minutos de duração máxima) e outra para trabalhos em curso (10 minutos de duração máxima).
As propostas deverão ser enviadas até ao dia 2 de Maio, por correio electrónico, para o endereço cip@fcsh.unl.pt, incluindo título, identificação do(s) autor(es), tema, tipo (estudo ou trabalho em curso) e um resumo com um máximo de 200 palavras. A participação é gratuita, com inscrição obrigatória, para o mesmo endereço.
Os temas são os seguintes:
- Centros urbanos e o meio aquático – portos e paisagens culturais marítimas
- Gestão e valorização do património cultural marítimo e subaquático
- Arqueologias do naufrágio

Artes de Pesca


































Exposição que resulta de uma investigação conduzida no terreno, a partir de 2004, em estreita relação com um grande número de pescadores, de muitos locais da costa, associações e instituições que intervêm no domínio das pescas. Dela resultou a constituição de uma coleção de artes de pesca que agora é posta em articulação com a coleção dos anos 1960, já existente no museu. Muitas foram oferecidas pelos pescadores, nossos interlocutores. Outras, resultaram de acordos de colaboração com as várias capitanias marítimas, o que permitiu transferir para o museu artes e instrumentos de navegação apreendidos porque considerados em situação ilegal. A documentação produzida ao longo dos anos de pesquisa dá conta dos discursos dos pescadores sobre as normas que condicionam a sua atividade e se refletem na própria materialidade dos objetos, sua definição e instabilidade: permitidos ou não conforme o momento do ano, os locais, as leis que se foram sucedendo e até a compreensão e avaliação casuística. A recolha procurou preencher a maior diversidade de artefatos e tipos de materiais, técnicas, processos e funcionalidades, sobre a qual elaborar um sistema classificatório de referência para o seu inventário nos museus. O fio condutor da exposição é, por isso, também uma proposta de classificação para as artes de pesca, tomando em conta outras já produzidas por diferentes autores e instituições. A humanidade das práticas de pescas e a compreensão dos seus contextos sociais e organização do trabalho estão expressas nas filmagens feitas durante os anos de pesquisa, observação e constituição da coleção e nas imagens dos pescadores que no início do século XX passaram a ter a sua fotografia nos registos de inscrição marítima e agora habitam a exposição”.

O Tempo Resgatado ao Mar



O MAR, recurso sempre presente na nossa história, é o lugar de onde se resgatam os testemunhos que nos contam histórias de outros tempos e de muitas gentes.
No imaginário coletivo, em particular no europeu, está gravada uma história trágico-marítima de dimensão planetária, que se inicia com a epopeia dos Descobrimentos, mas no fundo do mar repousam indícios de muitos outros desastres que nos permitem recuar aos primórdios das navegações na Antiguidade Pré-Clássica.
Vista ainda por muitos como uma «aventura submersa», a arqueologia náutica e subaquática recolhe, estuda e conserva vestígios e contextos do passado, identificados em ambientes marítimos, fluviais ou de interface.
A história da arqueologia náutica e subaquática em Portugal e a do Museu Nacional de Arqueologia cruzaram-se a partir dos anos 80 do século XX, pela ação pioneira de Francisco J. S. Alves. Desde então foi possível iniciar a estruturação orgânica e legal da atividade, baseada exclusivamente em métodos e técnicas próprios da arqueologia, reforçando simultaneamente a consciência pública do seu enquadramento científico.
Com esta exposição damos a conhecer os principais resultados da atividade arqueológica náutica e subaquática em Portugal nos últimos anos – as coleções e os seus contextos – e os indispensáveis e permanentes programas nacionais e internacionais de conservação e restauro dos acervos recolhidos, contribuindo decisivamente para a valorização desta disciplina científica e a sensibilização da nossa comunidade para a necessidade do registo e salvaguarda deste património cultural.

Farol do Cabo de São Vicente | Sagres

 

O farol do Cabo de São Vicente, ou farol de D. Fernando, localiza-se na fortaleza de São Vicente, freguesia de Sagres, concelho de Vila do Bispo, Algarve. Trata-se de uma torre cilíndrica em cantaria, com edifício anexo, impondo-se naquela paisagem do alto dos seus 28 metros de altura. Apresenta uma lanterna e varandim vermelhos.

Foi mandado erigir por D. Maria II, entrado em funcionamento em Outubro de 1846. Começou por ser iluminado a azeite, emitindo dois clarões de dois segundos a cada dois minutos de período, sendo que o alcance luminoso rondava as seis milhas náuticas. O farol passou, entretanto, por um período de abandono de vários anos, atingindo um estado de quase ruína. Em 1897, devido ao seu precário estado e ao insuficiente rendimento da sua luz, foram desenvolvidos trabalhos de remodelação. Assim, a torre foi aumentada em 5,70 metros e o aparelho óptico original foi substituído por um novo, mais avançado. As obras duraram 11 anos e em 1897 o farol recomeçou a trabalhar com um novo aparelho, hiper-radiante.

"Com efeito, foi instalado um aparelho lenticular de Fresnel de 1330 milímetros de distância focal – o que lhe confere a categoria de hiper-radiante, actualmente a maior óptica que existe nos faróis portugueses e um dos dez maiores do mundo, consistindo em três painéis ópticos de oito metros quadrados com 3,58 metros de altura, flutuando em 313 quilogramas de mercúrio. A fonte luminosa instalada, era um candeeiro de nível constante de cinco torcidas, passando, anos mais tarde, a funcionar com a incandescência pelo vapor de petróleo. A rotação da óptica era conseguida através de um mecanismo de relojoaria."
Revista da Armada (Novembro de 2002)

O farol passou, então, a iluminar com um período de 15 segundos e 5 relâmpagos, passando o seu alcance luminoso a rondar as 33 milhas náuticas. Em 1914 foi equipado com um sinal sonoro (a "vaca" - designação popular) e em 1926 foram instalados motores-geradores, permitindo a substituição da lanterna a vapor de petróleo por uma lâmpada eléctrica. Em 1947, face às necessidades militares da Segunda Guerra Mundial, foram-lhe instalados painéis deflectores, tornando-se, assim, num farol aeromarítimo. Em 1948 o farol é finalmente ligado à rede pública de energia eléctrica. Um ano depois, recebe um rádio farol que funcionou até 2001, entretanto automatizado em 1982.

Localização - Cabo de São Vicente/Sagres/Vila do Bispo
Posição - Latitude, 37º 01,3' Norte; Longitude, 08º 59,7' Oeste
Estrutura - Torre cilíndrica branca, com edifício anexo
Altura da torre - 28 metros
Sistema iluminante - óptica em cristal, direccional rotativa
Luz - branca
Alcance luminoso - 32 milhas
Ano de estabelecimento - 1846
N.º nacional - 436
N.º internacional - D-2168


"Vindo de Ruão para Argel, em Setembro último (1932), no vapor Ange Schiaffino, amanheceu-nos no Cabo de S. Vicente, e tão perto de terra firme o dobrámos que estivemos, por assim dizer, à fala com a gente do farol."
Teixeira-Gomes, Regressos